sábado, 27 de outubro de 2012

Integração energética e autoritarismo

Lula e Alan García - Imagem Blog da Amazônia
  1. Ministros discutem integração energética Brasil-Peru
"O Ministro Interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, e o Ministro de Energia e Minas do Peru, Jorge Tafur, discutiram nesta terça (23) projetos de integração energética entre os dois países, que incluem a viabilização do aproveitamento hidroelétrico de Inambari, com 2.200 MW. A construção da UHE está prevista no acordo sobre integração energética entre os dois países, firmado em 06/2010 e já possui os estudos de engenharia concluídos. Os dois ministros também falaram sobre a exploração e uso do gás natural peruano. Em relação à exploração e ao aproveitamento do gás do campo de Camisea, onde a Petrobras tem participação em cinco blocos, a delegação peruana foi informada que brevemente a estatal brasileira irá apresentar uma declaração de volume descoberto de gás natural. O peruano também manifestou interesse para cooperação técnica em estudos geológicos e minerais em áreas fronteiriças." (Jornal da Energia – 25.10.2012)IFE

Os planos de exploração hidrelétrica, pelo Brasil, dos recursos da Amazônia Andina estão evoluindo rapidamente. Equador, Peru e Bolívia procuram transformar as hidrelétricas em única opção de geração de energia, com apoio técnico de grandes empresas brasileiras do setor privado e estatal - Odebrecht, Eletrobras, entre outras - nos planos de médio e longo prazo, para atender à demanda futura. (Telma Monteiro)


2. Para MME, não existem mais locais para grandes reservatórios 
 "O país não possui mais locais capazes de abrigar grandes reservatórios, segundo o MME. De acordo com Altino Ventura, secretário de Desenvolvimento Energético do Ministério, existem dificuldades de implantação na região amazônica, última fronteira hidrológica do Brasil. Ressaltando que a não construção de usinas com reservatórios estava no planejamento, Ventura lembra que o país fez uma opção pela preservação das regiões onde poderia haver reservatórios, que englobavam terras indígenas e áreas protegidas. Ele ainda frisa que o único empreendimento energético em construção na região do Xingu é o de Belo Monte e os outros aproveitamentos sinalizados não foram à frente, devido à preservação ambiental. O secretário enfatiza que grandes reservatórios só poderiam ser construídos na região Norte do país, porque segundo ele, só lá há potencial hídrico para a construção de reservatórios como os existentes, pujantes a ponto de dar segurança ao sistema." (Agência CanalEnergia – 25.10.2012) IFE

Altino Ventura está chamando a Amazônia de "fronteira hidrológica do Brasil" como se  essa fosse uma característica especial concedida pela Natureza. Não pode haver compatibilidade entre Terras Indígenas, Unidades de Conservação, populações tradicionais e o planejamento do Governo Federal de construir grandes e pequenas hidrelétricas na marra, tenham elas menores ou maiores reservatórios. 

Indígenas Munduruku - Foto: Telma Monteiro
É tanta a urgência em leiloar as usinas planejadas no rio Tapajós, por exemplo, que a Eletrobras chamou os Munduruku e a Funai para uma reunião em Itaituba, em 17 de outubro, para lhes dar uma prensa. Os representantes da Eletrobras queriam negociar no particular, sem a presença de lideranças, a entrada de seus pesquisadores em terras Munduruku para coletar dados para os estudos de viabilidade técnica das usinas do Tapajós. Parece que os Munduruku não gostaram nadinha de dar de cara com estranhos em seu território e sem autorização. A Eletrobras solicitou à Funai que intermediasse as negociações com o fim de dar prosseguimento aos estudos no Tapajós, em terras Munduruku. Pareceu uma carteirada!

A representante da Funai, para acalmar os ânimos, se saiu com uma triste ameaça: se os Munduruku engrossassem com o Estado, o Estado também poderia engrossar com eles e mandar a Força Nacional para garantir a continuidade dos estudos. Indícios de mais um desfecho trágico na história do autoritarismo do governo de Dilma Rousseff sobre os indígenas brasileiros? 

Entre as propostas da Eletrobras estava a de substituir 80 lideranças, que os próprios Munduruku consideram que os representa, por apenas seis que a empresa queria convocar. Mas os Munduruku exigiram da Eletrobras uma reunião ampla com a presença do MPF, com transparência, com todas as lideranças e avisaram em alto e bom tom que não aceitam as usinas no rio sagrado deles. Ali no rio Tapajós habita o deus criador do mundo, Karosakaybu, segundo os Munduruku. 

Karosakaybu é um deus tão poderoso que pode transforma homens em animais e protege os Munduruku da escassez de caça e de pesca. A harmonia com a natureza está assegurada com esse importante protetor. Portanto, nada de hidrelétricas no rio sagrado dos Munduruku! (Telma Monteiro)

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