Foto: Telma Monteiro |
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Retrospectiva para quê?
Imagem: uol.com .br |
A retrospectiva que eu queria não será possível fazer neste final do ano de 2012, e até acredito que, com o andar dessa carruagem chamada Brasil, em nenhum ano até 2200! Muitos vão se alegrar, pois, com este artigo, encerro meu ativismo socioambiental. Feliz 2013!
Telma Monteiro
Pediram-me que fizesse uma
retrospectiva de 2012, abordando os temas que mais criaram polêmica na área
onde tenho atuado. Tentei inúmeras vezes escrever, buscando nas postagens do
meu blog aquilo que mais me deixou indignada. Como o antigo escritor sem
inspiração, que ficava na frente da máquina de escrever olhando para um papel
em branco, eu, dias seguidos, fiz o mesmo diante da tela do computador com uma
página branca sobre o azul de fundo do programa.
Pensei, suspirei e me
perguntei para o que serviria a retrospectiva. Para relembrar que os
Guarani-Kaiowá estão morrendo no Mato Grosso do Sul, porque o governo e a Funai
não dão a mínima para eles? E que eles apenas estão reivindicando aquilo que é
seu direito imemorial? E que, acossados, eles, os Guarani-Kaiowá, não têm como
lutar contra sua humilhação e degradação social diante de grandes fazendeiros
que contratam jagunços para proteger suas suntuosas fazendas despidas da
floresta?
''Belo Monte é de todo inaceitável e ilegal e nunca deixa de ser''. Entrevista especial com Dom Erwin Kräutler
Evangelizar
implica primeiro no testemunho de uma fé arraigada na Palavra de Deus e na
convicção de que esse mesmo Deus é um Deus que anda conosco pelas estradas e
rios de nossa vida”, diz bispo do Xingu.
“A alegria de ser chamado a servir a Deus, levando o seu amor às pessoas e a
todos os povos (cf. AG 10), ninguém pode arrancar do coração de quem exerce uma
missão que tem sua base e motivação no Evangelho”. É com esta declaração que Dom
Erwin Kräutler, bispo do Xingu, resume sua atuação no Brasil há mais de 40
anos, evangelizando sua comunidade. Nesta caminhada, ele esteve engajado em
diversas causas, entre elas, a mais recente, em oposição à construção da
hidrelétrica de Belo Monte. “Como bispo tenho que conviver com diversos
pontos de vista e tolerar, às vezes mesmo a contragosto, posições opostas à
minha. Em momento algum isso significa abrir mão do credo que professo e da
posição contra Belo Monte que sempre assumi e continuo sustentando,
considerando-o uma insanidade. Infelizmente não existe meio termo. Belo
Monte é de todo inaceitável e ilegal e nunca deixa de ser”, disse o bispo
à IHU On-Line.
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail, Dom Erwin comenta a atual situação de Altamira desde a construção da hidrelétrica de Belo Monte e acentua o comportamento dos povos indígenas que vivem próximos ao canteiro de obras. “Aí se percebe nitidamente que a Norte Energia usa de todos os meios para calar os indígenas e impedir que se manifestem. Recebem cestas básicas, voadeiras, combustível, benefícios que nunca imaginaram. Como explicar-lhes que esses presentes são um cavalo de Troia e aceitá-los significa dar um tiro no próprio pé?”, questiona.
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail, Dom Erwin comenta a atual situação de Altamira desde a construção da hidrelétrica de Belo Monte e acentua o comportamento dos povos indígenas que vivem próximos ao canteiro de obras. “Aí se percebe nitidamente que a Norte Energia usa de todos os meios para calar os indígenas e impedir que se manifestem. Recebem cestas básicas, voadeiras, combustível, benefícios que nunca imaginaram. Como explicar-lhes que esses presentes são um cavalo de Troia e aceitá-los significa dar um tiro no próprio pé?”, questiona.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
O nióbio é ‘nosso’ e os resíduos radioativos/tóxicos também
Mina de nióbio em Araxá - Foto: pt.globalvoicesonline.org |
Em
9 de novembro passado recebi pelo Facebook uma mensagem privada que discorria sobre o nióbio brasileiro. O texto veio com um link para assinar uma petição da Avaaz. org com o título de Valorização do nióbio brasileiro.
Depois que li o teor da petição, meu indignômetro chegou no topo e respondi:
"Mas isso não faz o mínimo sentido! Petição para definir "preço" internacional do nióbio? Foi isso que entendi do objetivo da petição? Eu não quero que o nióbio seja explorado porque significa alimentar milhares de indústrias poluentes, bélicas e, principalmente, destruir ecossistemas e UCs e minerar em Terras Indígenas. A petição deveria ser no sentido de proibir e fiscalizar a retirada do nióbio. Se estamos combatendo a mineração na Amazônia e nos outros biomas como é que vamos assinar algo cujo objetivo é criar normas para mais mineração. Que história é essa de "lastro da nossa moeda"? Todo mundo pirou?"
"Eu quero que se dane a fabricação de naves espaciais, aviões, mísseis, centrais elétricas, etc. Eles que arrumem outra tecnologia que não seja a de explorar a vida dos biomas brasileiros!"
"Não vivemos até agora sem o 98% do Nióbio? Então é o momento de o Brasil mostrar sua soberania e dizer para o resto do mundo que daqui não sai esse metal para fortalecer nações que exploram países emergentes. Desenvolvimento sustentável é outra coisa!"
Vamos acordar minha gente!
E
ainda tem gente que assina petições de tudo que é tipo, veiculadas por grandes
organizações que pretendem ser a voz da
sociedade para "salvar"o mundo. A
Avaaz está fazendo uma campanha para "regulamentar" a exploração de
nióbio brasileiro? Para quem?
Felizmente,
em bom momento, um milagre aconteceu e o jornalista de ciência Norbert Suchanek
escreveu esse brilhante artigo esclarecedor sobre o "nosso" nióbio,
publicado hoje no portal EcoDebate. (Telma
Monteiro)
Eis
o artigo:
O nióbio é ‘nosso’ e os
resíduos radioativos/tóxicos também, artigo de Norbert Suchanek
O
câncer é nosso!
Um
dia o homem do Brasil vai acordar e descobrir que nióbio não é para comer: Uma
polêmica sobre a febre de nióbio no Brasil e os riscos dos resíduos radioativos
e a concorrência com o Canadá.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Aviso dos Munduruku: "não aceitamos trocar nosso rio"
Lideranças Munduruku - Foto: Telma Monteiro |
O Seminário de Formação de Militantes do Movimento Tapajós Vivo, que aconteceu em Jacareacanga, no Pará, foi encerrado com um aviso do povo Munduruku ao governo, sobre o plano de construção das cinco hidrelétricas nos rios Tapajós e Jamanxim. Uma dura crítica tornou a carta ainda mais contundente:
"Queremos saber por que o governo fala que se as barragens forem construídas, vai ter dinheiro para a saúde e a educação dos indígenas. Por que as populações indígenas não podem ter saúde e educação sem a construção das barragens? Nós não temos direito a isso?"
Leia a carta:
Carta Aberta dos povos do
Tapajós ameaçados pelo Complexo Hidroelétrico do Tapajós
Nós, lideranças Munduruku e
colaboradores não indígenas participantes do Seminário de Formação de Militantes
do Movimento Tapajós Vivo, realizado na cidade de Jacareacanga, nos dias 30 de novembro, 1 e 2
de dezembro de 2012, com apoio do Movimento Tapajós Vivo, Fórum da Amazônia
Oriental, Ação Mundo Solidário, Congregação
das Irmãs Passionistas de São Paulo da Cruz e Congregação das Irmãs
Missionárias da Imaculada Conceição vimos a público, através desta Carta
Aberta
dizer que:
· Essas barragens não servem para nós, povos e
populações do Tapajós, por isso entendemos que não tem porque branco mexer na
nossa água. Lembramos que pela Constituição Federal, o governo não é dono de tudo. A terra e a água
tem dono. É o índio. E não vamos deixar nenhum branco destruí-la.
·
Deixamos bem claro que aqui, não aceitamos
trocar nossa vida, nosso rio por dinheiro nenhum. Aqui no Tapajós ninguém quer
morrer e vamos lutar para que nada de mal nos aconteça
·
Avisamos a todos os brancos que não vamos deixar
brancos entrarem em nossas aldeias para fazerem pesquisa. Se algo acontecer a
estas pessoas, será de total responsabilidade do governo federal e das
empresas.
·
Queremos saber por que o governo fala que se as
barragens forem construídas, vai ter dinheiro para a saúde e a educação dos
indígenas. Por que as populações indígenas não podem ter saúde e educação sem a
construção das barragens? Nós não temos direito a isso?
· Sabemos que se as barragens forem construídas,
tudo o que nós temos vai sumir. Vamos ter que sair de nossas terras. Como vamos
criar nossos filhos?
·
A partir de agora, vamos reunir com os caciques
e vamos fortalecer ainda mais a
resistência. Vamos nos unir a ribeirinhos e pescadores, quilombolas e
formaremos um grande grupo para agir no impedimento da construção das barragens;
Reafirmamos nossa solidariedade
aos povos atingidos por barragens no Brasil e na Panamazônia e nosso
compromisso com a Aliança dos 4 Rios.
Esperamos que esta conversa não
fique aqui, apenas em Jacareacanga (PA). Queremos que o Brasil e o mundo saibam
que somos contra as barragens e que lutaremos até o fim para proteger nossas
terras, nossos rios e nossas famílias.
NÃO ÀS
HIDROELÉTRICAS NO RIO TAPAJÓS!
NÃO ÀS
HIDROELÉTRICAS NOS RIOS AMAZÔNICOS!
VIVA
NOSSOS RIOS, VIVOS E SEM BARRAGENS!
VIVA OS
NOSSOS RIOS, VIVOS PARA SEMPRE!
Jacareacanga (PA), 02 de
dezembro de 2012.
Assinam os 67 participantes do
Seminário de formação de militantes do Movimento tapajós Vivo em Jacareacanga
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Rio Madeira: Um rio em fúria
Ondas
engolem casas, e peixes aparecem mortos, enquanto pescadores passam fome. A
usina de Santo Antônio mudou o rio e a vida em Rondônia
Nas margens desbarrancadas do rio Madeira, Francisco Souza mostra foto do quintal que foi levado pelas águas Foto: Marcelo Min |
Dois
dias antes do início dos testes na primeira turbina da hidrelétrica de Santo
Antônio, em Rondônia, o telefone tocou na casa da pescadora Maria Iêsa Reis
Lima. “Vai começar”, avisou o amigo que trabalhava na construção da usina. Iêsa
sentou na varanda e se pôs a observar as águas, esperando o que sabia ser uma
mudança sem volta. “O rio Madeira tem um jeito perigoso, exige respeito. Os
engenheiros dizem que têm toda a tecnologia, mas nada controla a reação desse
rio.”
Semanas
depois, no início de 2012, as águas que banham a capital Porto Velho começaram
a ficar agitadas. As ondas cresciam a cada dia, cavando a margem e arrancando
árvores. O deck do porto municipal se rompeu. O rio alcançou as casas, até que
a primeira delas ruiu junto com o barranco para dentro das águas.
Rio Madeira: A guerra dos megawatts
Nesta segunda série de reportagens a equipe de reportagem da Agência Pública foi ouvir os moradores do entorno das hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio. Em Porto Velho, ouviu histórias sobre ondas que estão engolindo casas e mortandades de peixes, enquanto pescadores passam necessidade depois de perder seu sustento.
Entre os meses de julho e outubro, três equipes de repórteres da Agência Pública de Reportagem e Jornalismo Investigativo percorreram três regiões amazônicas: no pólo de mineração em Marabá (PA); na bacia do Rio Tapajós; e em Porto Velho e as hidrelétricas do rio Madeira. Todas as reportagens buscam explorar a complexidade dos investimentos atuais na Amazônia, incluindo as negociações e articulações políticas, ouvindo todos os atores envolvidos – governos, empresas, sociedade civil para traçar o contexto em que esses projetos têm sido desenvolvidos. O prisma essencial dessas reportagens, assim como de toda a produção da Pública, é sempre o interesse público: como as ações e negociações políticas e econômicas têm tido impacto, na prática, a vida da população.
Visando alcançar uma divulgação maior desta série de reportagens, foi firmada uma parceria entre a Agência Pública de Reportagem e Jornalismo Investigativo e diversos meios impressos e eletrônicos de divulgação, que serão oficialmente os republicadores do conteúdo da série, entre eles este blog. (introdução extraída de EA Crítica)
Enquanto as empresas lutam para extrair o máximo de energia do rio Madeira, aumentam os impactos das obras sobre a população local e o meio ambiente
Entre os meses de julho e outubro, três equipes de repórteres da Agência Pública de Reportagem e Jornalismo Investigativo percorreram três regiões amazônicas: no pólo de mineração em Marabá (PA); na bacia do Rio Tapajós; e em Porto Velho e as hidrelétricas do rio Madeira. Todas as reportagens buscam explorar a complexidade dos investimentos atuais na Amazônia, incluindo as negociações e articulações políticas, ouvindo todos os atores envolvidos – governos, empresas, sociedade civil para traçar o contexto em que esses projetos têm sido desenvolvidos. O prisma essencial dessas reportagens, assim como de toda a produção da Pública, é sempre o interesse público: como as ações e negociações políticas e econômicas têm tido impacto, na prática, a vida da população.
Visando alcançar uma divulgação maior desta série de reportagens, foi firmada uma parceria entre a Agência Pública de Reportagem e Jornalismo Investigativo e diversos meios impressos e eletrônicos de divulgação, que serão oficialmente os republicadores do conteúdo da série, entre eles este blog. (introdução extraída de EA Crítica)
Enquanto as empresas lutam para extrair o máximo de energia do rio Madeira, aumentam os impactos das obras sobre a população local e o meio ambiente
Por Ana Aranha
Usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia Foto: Marcelo Min |
Uma
briga entre peixes grandes revolta o curso do rio Madeira. As usinas
hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, segundo maior potencial hidrelétrico
do Programa de Aceleração do Crescimento, disputam cada megawatt a ser extraído
das águas de Rondônia.
Desde
que ganharam o leilão para explorar o rio, entre 2007 e 2008, os
empreendimentos tentam antecipar as obras e fazem alterações ao projeto para
aumentar a geração de energia. Mas, construídas com 110 quilômetros de
distância entre elas, ambas as usinas alegam que as mudanças pleiteadas pela
vizinha prejudicariam o seu projeto. E batem na porta do governo federal,
responsável por autorizar cada alteração, com argumentos técnicos e ameaças
jurídicas.
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