quarta-feira, 29 de abril de 2020

Corona Crônicas - Crise de abstinência e conjecturas

Foto: Veja/Abril

Por Telma Monteiro

Bolsonaro é esse ser. Ser abjeto que se alimenta do sofrimento e se regozija com a dor.

Admito. Estou com crise de abstinência. Não fui preparada para ficar em isolamento social. Sinto falta de estar com as pessoas, as que amo e as que cruzo pela vida, as que odeio porque são bolsonaristas e estão cegas, e as que não se manifestam para se resguardarem. Sinto falta dos amigos e a conversa virtual não me preenche. Não funciona comigo. Preciso tocar, olhar nos olhos, ver sorrisos e sorrir também, sem que exista uma câmera promovendo isso. Não quero me sentir em um filme de ficção em que todos parecem robôs por detrás da telinha.

Observe como até na TV os apresentadores dos programas já parecem autômatos. Não aguento mais ver o Bom Dia Brasil. Meu coração se confrange com as informações sobre a COVID-19. Estou farta e cansada de sentir aquela dor da agonia quando os números aparecem e quando as imagens mostram pessoas desfilando sem máscaras, caminhando entre outras e sem o mínimo de cuidado com a proximidade. A dor se intensifica quando tomo conhecimento de que muitos estão mantendo sua rotina de trabalho porque precisam de seus empregos.

Muitos dos meus amigos continuam trabalhando e isso me dói. Ainda estão a salvo e é um consolo para meu coração. Eu tenho vergonha de ter o privilégio de ficar em casa, com meu trabalho, meus livros, assistindo o pôr-do-sol, ouvindo os passarinhos, olhando a floresta. Como é constrangedor se sentir seguro enquanto tantos não estão. Penso nos indígenas e na sua capacidade de resistência, pois além de enfrentar um sistema que os quer banir para ocupar suas terras, agora se deparam com uma ameaça para a qual jamais teriam como se preparar. São frágeis diante da pandemia e do Estado omisso.

Começo meu dia encarando a realidade que tento entender, apesar de sempre ter a sensação de que é um pesadelo. O Brasil está se despedaçando nas mãos de um louco e sua prole maligna. E isso me faz lembrar que assisti a uma série em que um ser mutante consome a energia das pessoas e come outras, literalmente, para se fortalecer com a dor daqueles que quer destruir. Bolsonaro é esse ser. Ser abjeto que se alimenta do sofrimento e se regozija com a dor. Bolsonaro absorve a desgraça e a faz reverter em ironia, destruindo a sanidade da sociedade. Bolsonaro se escuda em seus filhos criados à sua semelhança, para perpetuar e destilar a maldade. 

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Corona Crônicas - Uma parte dos brasileiros é ignorante e atrasada?




Fique em casa. Cuide do cachorro. Lave o quintal e ajude sua mulher e seus filhos ou seu marido e seus filhos a superar dias e dias dentro da bolha que te salvará: seu lar. A Covid-19 mata de forma indecente, maligna, sem amor, sem ninguém para te dar o último adeus. ™
Por Telma Monteiro

Qual é a de vocês brasileiros? Vocês são ignorantes mesmo ou estão se sentindo superiores tipo Superman? Acham que não vão contrair a Covid-19? Têm certeza de que não vão morrer da pandemia? Estão pensando, lá no seu íntimo, que é melhor que os mais velhos morram logo e desocupem o lugar para os mais jovens se recuperarem? Espero que não.

Alguns brasileiros enrolados em bandeiras – acho um desrespeito – tem ido para a avenida Paulista, centros de capitais, bloquear o trânsito, pedir fim do confinamento, enquanto seu presidente como o “Grande Irmão”, personagem fictício do romance 1984 criado por‎ ‎George Orwell (quem não leu, é minha sugestão), fica na live, beneficiado por um canal de TV próprio, mentindo e incentivando o abandono do confinamento social.  

Esses brasileiros ainda não entendem o que está acontecendo porque só entendem Fake News no “zapzap”, como chamam. Eles podem ser achincalhados pelo Estado e não percebem que são massa de manobra. Ah, mas gostam disso, não é? Se sentem protegidos por um presidente malévolo e sádico.

Eles devem gostar, porque nos últimos dias voltaram para as ruas em busca daquela liberdade que os levará para a prisão da morte e da cova comum. Pois é isso o que vai acontecer se continuarem ignorando o mundo lá fora, a ciência, os médicos, os lutos que já estão rondando cada família, e que deixará um vazio em suas vidas. Vão, paguem para ver como são ínfimos, inúteis diante de uma pandemia que deixou poucas testemunhas que escaparam para contar como quase morreram afogados em terra, no próprio muco. Viram a morte de perto e não gostaram. E você, ignorante, acha que é imune? Só porque acha que Bolsonaro é o Mito?

Não é não. Todos passarão pelo pior, mas só aqueles que se preservarem neste momento, conforme as instruções da OMS e das autoridades de saúde, terão a chance de ir para um bom hospital de campanha, conseguir um respirador e quem sabe sobreviver. Pense bem, qual é o motivo para uma parte da sociedade ficar em distanciamento físico e aceitar a quarentena? Porque não quer trabalhar? Porque tem medo de ser despedido? Não. Para se manter vivo.

Muitos brasileiros, pobres e ricos vão sofrer perdas materiais. Mas vão salvar suas vidas. Sabe por quê? Porque ficarão confinados com sua família, e depois vão reconstruir o que perderam. Se for empresário vai repor sua equipe, estoques, sua vida pessoal, negociar com a escola paga dos filhos, a prestação do carro, da casa. Mas estarão vivos. Se for empregado terá que recuperar seu emprego e, também, negociar suas dívidas. Mas estarão vivos, também.

As empresas sofrerão na economia em declínio, depois elas serão anistiadas pelo governo. Então, brasileiros, pensem antes de prejudicar sua família, levando o vírus para dentro de casa apenas porque o Mito pensa que é imune e que o mundo está errado.

Fique em casa. Cuide do cachorro. Lave o quintal e ajude sua mulher e seus filhos ou seu marido e seus filhos a superar dias e dias dentro da bolha que te salvará: seu lar. A Covid-19 mata de forma indecente, maligna, sem amor, sem ninguém para te dar o último adeus. Ela quer que você morra sozinho (a) e repense, se tiver tempo, o quanto foi idiota em ouvir um presidente insano, tresloucado que está deixando uma marca na história mundial: o pior presidente da humanidade.

Deixe suas contas se atrasarem e depois que você vencer a malignidade da pandemia poderá se recuperar e ter a chance de voltar ao normal. Fique em casa, deixe o mundo se aquietar e depois aproveite seu heroísmo. Aí, sim, você será o Superman de verdade.

Ferrogrão – soja no coração da Amazônia

Estudo Preliminar 3 - Ferrogrão e a Soja na Amazônia                                                        Imagem: Brasil de Fato   ...