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O último indígena

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Por Telma Monteiro Este texto é uma licença poética em homenagem aos indígenas isolados , não contatados, na Amazônia, e que estão ameaçados pelo PL490 em tramitação no Congresso Nacional. O legado do seu conhecimento ancestral será reconhecido, no futuro, apenas pelos vestígios que deixarão. O céu estava escuro, um nublado plúmbeo. Muito calor e umidade e ar abafado traziam um silêncio agonizante na floresta. Um silvo ou assovio ecoou para alertar os animais e espantar a indolência no ar. Humano? O ser coberto por um negrume que parecia pó de carvão imobilizou-se, mimetizado entre ramos e galhos. Eram sombras suaves brincando na pele brilhante respingada de gotículas. As passadas eram cuidadosas, mas pareciam retumbantes naquele silêncio quebrado pelo som dos gravetos que gemiam ao seu peso. O índio solitário tentava entender os movimentos e sons que vinham do meio da mata, qual um animal desconhecido. O galho estalou no alto da árvore.   Um vulto brilhou contra a luz pálida