O grande negócio das hidrelétricas no Brasil

Telma Delgado Monteiro

O consórcio Santo Antônio Energia (SAESA), detentor da concessão da Hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira, vendeu os 30% da energia destinada ao mercado livre para um grande consumidor cujo nome não foi revelado.

Quem será o grande comprador da energia de Santo Antônio? Segundo informações do consórcio, esses 30% (vendidos por R$ 7,5 bi para esse comprador que, a confirmar, é um grande produtor de eletrointensivos) pagarão o investimento financiado pelo BNDES (leia-se tesouro nacional) e FGTS.  Aliás, esse grande comprador já devia estar nos planos desde a concepção do projeto. E o rio Madeira, os ribeirinhos, os povos indígenas ficarão com o ônus dos impactos sociais e ambientais! Leia mais...

O resultado da venda do restante (70%) da energia a ser gerada por Santo Antônio e que o governo diz que consumiremos, vai ficar todo no bolso do consórcio formado por Odebrecht, Furnas, Andrade Gutierrez, Cemig e o Fundo de Investimentos e Participações Amazônia Energia (FIP) - encabeçado pelos bancos Banif e Santander. Toda essa energia foi leiloada pelo governo para suprir um ainda inexplicável crescimento na demanda de consumidores do mercado cativo (nós, os pobres mortais). 

A nossa é a energia hidrelétrica mais cara do mundo, pois seu preço é regulado pelo mercado internacional dos combustíveis fósseis. Eis a regra que estabelece quanto pagamos pela energia hidrelétrica no Brasil e, nesse caso, o consumidor não tem escolha. 

A falta de incentivos para fontes alternativas como a eólica ou para programas de eficiência energética demonstra uma cumplicidade do governo com o grande negócio de fazer hidrelétricas. As grandes empreiteiras, os bancos e as concessionárias agradecem!


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