Amigos da Terra/Brasil
No Congresso Nacional, nunca a articulação esteve tão favorável ao desmonte de uma das leis mais avançadas em nível mundial na proteção das florestas tropicais: o Código Florestal Brasileiro, de
O irônico é que a principal alegação dos proclamadores do código florestal como um “entrave ao crescimento econômico” – a falta de terras para a agricultura – foi veementemente negada pelo governo federal na promoção do seu plano de expansão dos agrocombustíveis. Perante as críticas a esta estratégia, afirmou-se que a produção de monoculturas energéticas não afetaria áreas de produção de grãos e nem de florestas. Então porque seriam necessárias as mudanças na lei florestal?
No Brasil o tema das mudanças climáticas sempre foi visto, como uma oportunidade: de venda de créditos de carbono pelo uso de terras para o crescimento rápido de árvores exóticas, para o pagamento de serviços ambientais no caso das áreas que seriam preservadas com florestas, para a expansão das monoculturas de agroenergia, para a propaganda das grandes hidrelétricas como energia limpa... E agora, como oportunidade para mudar o código florestal.
A via de criar mais ameaças ao desmatamento e assim a possibilidade de chantagem, ou de troca de propriedade do carbono das florestas por garantia de não degradação, gera a chamada adicionalidade requerida pelo novo mecanismo em negociação na Convenção Internacional das Mudanças Climáticas: o REDD – Redução de Emissões oriundas da Degradação e Desmatamento de desenvolvimento.É proposto um grande fundo para compensar emissões não reduzidas nos países industrializados trocando-os por carbono das florestas protegidas, o que requer que estas, já não estejam protegidas por lei. Requer também que se regularize a propriedade da terra, que se patrole direitos coletivos e indígenas, de modo que a propriedade do carbono possa ser negociada no marco de um novo mercado especulativo, tal como o das hipotecas que explicitaram a crise financeira. Daí também a relação com as recentes medidas provisórias de regularização e privatização de terras públicas com anistia para os grileiros e desmatadores.
No marco da convenção da Biodiversidade estão previstos fundos para a proteção de florestas e sua sociobiodiversidade, sem implementação efetiva. Já na convenção quadro das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, o tema de REDD será o mais quente do XV encontro das partes (COP15), que acontece no fim do ano em Copenhagen, e aumento o clima de pressão por mudanças na política nacional que tornem o Brasil, um dos principais interessados, apto a ingressar neste novo ciclo econômico que tem o carbono como moeda.
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