Iniciei minha vida em terras distantes
Tenho seguido por vales, planícies e montes
Meu dossel tem sido defendido com luta, mas sigo conquistando meu caminho
Passando e passando e vendo tudo mudar
Aos poucos, sutilmente.
Os vales não são mais tão verdes, e as várzeas nem tão vivas
Sinto passar por mim a energia e sinto o sopro do perigo
Terras escorrem, nas minhas margens, qual sangue de ferimento
O miasma da vida se esvai e o ar, sinto faltar.
Meus lamentos foram ouvidos, distantes deste leito
Em terras faltantes e, no vácuo, em que nunca ecoam
Meu reino está ameaçado e minha alma destroçada
Sinto a vida se esvaindo e o amor falso me consumindo.
Alguém ouviu meu lamento e, ao fundo, meu borbulhar
Sou rio, tento gritar, mas no silêncio estou fadado a fraquejar
Quem me dera continuar meu caminho
Quem me dera sua alma vivesse nas moléculas do meu ser.
Aliado amigo, sem você não vou sobreviver
Não terei forças sem tuas mãos e não serei senhor sem ti, meu defensor.
Minhas águas vão percorrer o inferno do descaso
No caminho estrangulado, ceifado e corrompido, gritarei teu nome,
Glenn
Salve-me, salve a vida que carrego, salve a vida que espraio, salve a vida
Um caminho ameaçado um rio atormentado
Sou assim agora, Glenn, sem você, um rio condenado.
Telma Monteiro
Para o Glenn, neste 21 de dezembro de 2009
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ResponderExcluirUm beijo da amiga/irmã Tania.